- uma mesa: meu presente desta Páscoa
- do tipo singelo, com quatro pés e quatro cadeiras
- nada grande, nada exagerada
- mas quanta revolução!
- foi preciso deslocar uma estante de livros e uma cômoda de seus lugares
- as duas - a estante e a cômoda - recheadas com papéis, revistas, fotos, documentos, cartas e livros, muitos livros
- tudo fora e abaixo pra mover os móveis de lugar
- e ainda estamos assim por aqui: tudo fora e abaixo.
- nem mesmo estreamos a mesa, pasme!
- desde então, tem servido de apoio para as pilhas do que vai e o que fica
- - e as cadeiras receberam a mesma função
- "o segredo é não abrir as páginas, não se enamorar deles" aconselha a amiga experiente
- mas já estava - impossível resistir à tentação...
- aprendi com os chineses [e o feng shui] que livros guardam muita energia:
- do esforço criativo do escritor, das muitas horas em cima daquelas letras, das outras tantas que demandaram até a aprovação do editor, a impressão, a distribuição...
- pois os chineses pedem até que se evitem livros nos quartos de dormir e perto da cabeça, na cama, porque afetam o sono
- já pensou? uma conchinha, um chamego, um cafunézinho de um tipo feito Kierkegaard...
- nem vem!
- existem livros que são como uma tijolada na cabeça
- - racham o coco!
- na bagunça aqui de casa, um destes voltou às minhas mãos:
- "A Insustentável Leveza do Ser"
- e aqui deposito minha dúvida:
- - teria Kundera tentado disfarçar com o título poético o peso de seu romance?
- porque - putz - é um catatau!
- virou o pote da mitologia grega, misturou com Sartre; juntou Nietsche e Freud;
- entremeou com o bom e insuperável sexo selvagem
- [além de uma pequena, mas marcante, pitada escatológica]
- urdiu tudo com a Primavera de Praga
- e arrematou com os laços de cetim da filosofia...
- só que... péra aí!
- que negócio é esse de "uma vez não conta"?
- "viver apenas uma vida é como não viver nunca"?
- Kundera, oi? tás me ouvindo?
- ô meu querido... pois é, chega aqui uma coisica.
- não me leva à mal não, tá? mas essa não posso levar pra casa, nêgo.
- acho até que me entendes... os vinte e tantos anos que se passaram pra mim também passaram pra ti, não foi?
- tás com mais de 80 agora - com essa idade nem tu te aguenta...
- larga desse carão, hômi!
- e prestenção na Mae West:
"Só se vive uma vez, mas se você viver bem, uma vez é o bastante."
*
* valeu, Kun! obrigada pelo insight - mas tô precisando mesmo é de uma ajuda aqui em casa. quer vir me dar uma mão? ** [a citação da Mae li foi aqui, neste vídeo, que merece bem o seu play.]
Também estou na mesma faina. Mas enquanto você descobre amores escondidos nas estantes, eu olho para alguns livros e penso:como pude comprar e guardar isto por tanto tempo???
ResponderExcluirO post está for-mi-dá-vel!
Espero que logo a bagunça possa dar lugar à inauguração da mesa. Em alto estilo!