quinta-feira, 11 de abril de 2013

De todas as mentiras, a literatura é a minha favorita

 
Na livraria, o cliente deposita no caixa uns quantos livros e desabafa para o jovem atrás do balcão:
 
- nem sei porque continuo vindo aqui: quanto mais leio menos convicções tenho.
- é?
- hum-hum. há muito que perdi a motivação para ler...
- não diga!
- deixei de ter convicções. "só tem convicções aquele que nada aprofundou".
- ...
- ... "felizes são os ignorantes". concorda?
- …
- concorda? 
- ...
- ei, por onde andas, com este olhar perdido?
- opa! desculpe. aqui mesmo… pensando apenas no que me acabou de dizer.
- e? alguma conclusão?
- nada de importante ou novo para um homem letrado como o senhor... no entanto, a ser verdade o que diz, não acha que se veria por aí muito mais gente feliz?

 

*










* história contada por Jaime Bulhosa, no blog da Livraria Pó dos Livros (de Lisboa) e reescrita por mim. ** na imagem, o cineasta François TruffautThe Compleat Liar, 1977. *** [de todas as mentiras, a felicidade é a única que não desisti de perseguir...]

Um comentário:

  1. "Pelo caminho da mentira chegaremos à verdade"

    Dostoievski

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