"Você é feliz?" foi a pergunta que me fez o amigo que não me vê há 25 anos
e que me reencontrou há pouco, no chat do Facebook,
parei pra pensar. um, dois, três segundos. surpresa com a pergunta, mas já sabendo a resposta:
"Noooop!" foi o que escrevi.
Uma constatação que nem é triste, nem conformada
somente uma verdade feliz: sou muito gente pra me encher de alegrias,
abanar o rabinho e correr ganindo quando me lançam um ossinho.
Então fica combinado: não sou feliz e sou feliz por ser assim.
[acho até que já posso morrer
mas sigo na fé que me provem o contrário]
...
"Estou lendo um romance de Louise Erdrich. A certa altura, um bisavô encontra seu bisneto. O bisavô está completamente lelé (seus pensamentos tem a cor da água) e sorri com o mesmo beatífico sorriso de seu bisneto recém-nascido. O bisavô é feliz porque perdeu a memória que tinha. O bisneto é feliz porque não tem, ainda, nenhuma memória. Eis aqui, penso, a felicidade perfeita. Não a quero."
Eduardo Galeano, in desmemória/1
*
* no mais, vou levando como pede o ditado: com alegrias suficientes para sustentar a doçura infantil, desafios suficientes para me fazer forte, tristezas suficientes para me manter humana e esperança o quanto baste para que eu aviste a felicidade. ** no vídeo, trecho de Cenas de um Casamento (1973), de Ingmar Bergman, com Liv Ulmann.
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