sábado, 2 de novembro de 2013

What come is better that what came before



"Para os nossos vizinhos;

Que belo outono! Tudo está dourado e suave como a incrível luz que agora brilha sobre a água que nos rodeia.

Lou e eu passamos muito tempo aqui nos últimos anos, e apesar de sermos pessoas da cidade este é o nosso lar espiritual.

Na semana passada eu prometi a Lou que o tiraria do hospital e voltaríamos para casa em Springs.

Lou era um mestre de tai chi e passou seus últimos dias aqui, feliz e deslumbrado com a beleza, o poder e suavidade da natureza. Ele morreu na manhã de domingo olhando para as árvores e fazendo o famoso 21, um movimento de tai chi com apenas suas mãos de músico atravessando o ar.

Lou era um príncipe e um lutador, e eu sei que suas canções de dor e beleza do mundo vão encher muitas pessoas com a incrível alegria que ele tinha pela vida. Vida longa à beleza que descende e atravessa por e sobre todos nós.

Laurie Anderson - sua amada esposa e eterna amiga"

*






* obituário escrito para The East Hampton Star - hebdomadário da localidade de Springs (New York), pela esposa de Lou Reed, a também artista Laurie Anderson (que esteve romanticamente e criativamente ligada à Reed, desde o final dos anos 90).

Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E, como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera…quebra-me o encanto!

[Florbela Espanca, À Morte In: Reliquiae]
 

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