domingo, 26 de junho de 2011

Cada dia te amo mais, hoje mais que ontem e bem menos que amanhã

  • Dizem que o francês é a língua do amor e eu nem vou perder tempo questionando,
  • au contraire,
  • tudo é pretexto pra incluir aqui a versão original de L'éternelle chanson (A Eterna Canção)
  • também conhecido por Les vieux - Os velhos - o poema foi escrito por Rosemond Gerard Rostang no século 19,
  • e dedicado a seu marido, Edmond Rostang, também escritor e autor de Cyrano de Bergerac.


L'éternelle chanson

Lorsque tu seras vieux et que je serai vieille,
Lorsque mes cheveux blonds seront des cheveux blancs,
Au mois de Mai, dans le jardin qui s'ensoleille,
Nous irons réchauffer nos vieux membres tremblants;
Comme le renouveau mettra nos coeurs en fête,
Nous nous croirons encore de jeunes amoureux,
Et je te sourirai, tout en branlant de la tête,
Et nous ferons un couple adorable de vieux;
Nous nous regarderons, assis sous notre treille,
Avec de petits yeux attendris et brillants,
Lorsque tu seras vieux et que je serai vieille,

Lorsque mes cheveux blonds seront des cheveux blancs.

Sur le banc familier, tout verdâtre de mousse,
Sur le banc d'autrefois, nous reviendrons causer.
Nous aurons une joie attendrie et très douce,
La phrase finissant souvent par un baiser ;
Combien de fois, jadis, j'ai pu dire: "Je t'aime!"
Alors, avec grand soin, nous le recompterons,
Nous nous ressouviendrons de mille choses, même
De petits riens exquis dont nous radoteron ;
Un rayon descendra, d'une caresse douce,
Parmi nos cheveux blancs, tout rose, se poser,
Quand, sur notre vieux banc tout verdâtre de mousse,
Sur le banc d'autrefois, nous reviendrons causer.
Et, comme chaque jour je t'aime davantage,
-Aujourd'hui plus qu'hier et bien moins que demain -
Qu'importeront alors les rides du visage
Si les mêmes rosiers parfument le chemin.
Songe à tous les printemps qui, dans nos coeurs, s'entassent
Mes souvenirs à moi seront aussi les tiens;
Ces communs souvenirs toujours plus nous enlacent
Et sans cesse entre nous tissent d'autres liens;
C'est vrai, nous serons vieux, très vieux, faiblis par l'âge,
Mais plus fort chaque jour je serrerai ta main,
Car vois-tu, chaque jour, je t'aime davantage,
Aujourd'hui plus qu'hier et bien moins que demain.
.
Lorsque tu seras vieux et que je serai vieille,
Lorsque mes cheveux blonds seront des cheveux blancs
Au mois de Mai, dans le jardin qui s'ensoleille,
Nous irons réchauffer nos vieux membres tremblants;
Comme le renouveau mettra nos coeurs en fête,
Nous nous croirons encore aux heureux jours d'antan,
Et je te sourirai, tout en branlant la tête,
Et tu me parleras d'amour en chevrotan ;
Nous nous regarderons, assis sous notre treille,
Avec des yeux remplis des pleurs de nos vingt ans...
Lorsque tu seras vieux et que je serai vieille,
Lorsque mes cheveux blonds seront des cheveux blancs.


Rosemonde Gerard Rostang, 1889

*


  • Daí que, em 1907, o joalheiro francês Alphonse Augis criou a médaille d’amour,
  • com a inscrição "Aujourd’hui + qu’hier – que demain" (Hoje + que ontem – que amanhã), eternizou os versos de Rosemonde
  • hoje mais populares por conta da jóia do que pelo poema em si.
  • Para os que nunca sabem o que presentear o amor de sua vida, essa é uma sugestão atemporal
  • além de vir em francês, a frase tem o plus romântico de ter sido escrita há mais de um século e ainda emocionar (e funcionar!)
  • entretanto, se a conta bancária não avalizar, não se deprima
  • (não se deprima ôuh,ôuh!)
  • a sugestão continua valendo - e os versos de Rosemonde têm poder!
  • o resultado é o mesmo: ora adornado por brilhantes
  • ou escrito no verso do guardanapo sujo de catchup. 
  • (mantenha sempre viva no coração a frase de Che: "mismo en la mayor dureza, no pierdas la ternura!")

*

o francês não é sua praia? Ainda assim tente ler o poema em voz alta para sentir toda a emoção que o ritmo e a cadência dos versos de Rosemonde despertam... Para entender seu significado, aqui vai uma tradução rústica, editada no facão:

A Eterna Canção
Quando envelhecermos
E meus cabelos loiros tornarem-se cabelos brancos
no mês de maio, em um jardim ensolarado,
aqueceremos nossos velhos ossos trêmulos,
a primavera deixará nossos corações em festa.
Acreditaremos ainda sermos jovens apaixonados
e eu te sorrirei, inclinando a cabeça,
seremos um  adorável casal de velhotes
sentados, a nos contemplar com os olhos pequenos,
mas ainda ternos e brilhantes,
Quando tu estiveres velho e eu velha,
Quando os meus cabelos loiros tornarem-se brancos

Sobre nosso velho banco, esverdeado pelo musgo,
conversaremos com uma alegria terna e tão doce,
as frases sempre a terminar com um beijo.
Quantas vezes já nos dizemos "Te Amo”?
Então com grande cuidado vamos contá-las.
Recordaremos mil coisas, até mesmo
das tolices ditas e dos pequenos nadas delicados.
Um raio descerá entre os nossos cabelos brancos
feito carícia doce, e rosa pousará.
Sobre o banco de outrora voltaremos a conversar.
E como cada dia te amo mais,
Hoje mais que ontem e bem menos que amanhã.
Que importarão então as rugas do rosto?
O meu amor será mais sério - e sereno.
Imagina que todas nossas lembranças se unem,
As minhas recordações serão também as tuas.
Estas recordações comuns cada vez mais nos envolvem
E sem cessar entre nós tecem outros laços.
É verdade, seremos velhos, muito velhos,
enfraquecidos pela idade,
mas mais forte a cada dia apertarei a tua mão,
Porque vê tu, cada dia eu te amo mais,
Hoje mais que ontem e bem menos que amanhã.

E deste querido amor que passa como um sonho,
Quero conservar tudo no fundo do meu coração,
Reter, se possível for, a impressão demasiado breve,
Para voltar a saborear mais tarde, com lentidão.
Escondo tudo o que dele vem como uma avarenta,
Acumulando as riquezas com ardor para os meus velhos dias,
Serei então rica de uma riqueza rara
Terei guardado todo o ouro dos meus jovens amores!
Assim deste passado de felicidade que termina,
Minha memória devolverá a doçura;
E deste querido amor que passa como um sonho,
Terei conservado tudo no fundo do meu coração.
Quando envelhecermos,
Quando os meus cabelos loiros tornarem-se brancos.


**este texto era para ser publicado na semana que antecede o Dia dos Namorados, mas falhei na programação (fuén, fuén). Agora e sempre, vai dedicado ao amigo Roberto Mafra, com quem sonho reviver memórias comuns - sous le ciel de Paris, braços dados, em um banco do Jardim de Versailles - tecidas pelo frescor de nossa juventude, seladas pela força de nossa amizade.

3 comentários:

  1. Lu, você me define sempre(minha mais completa tradução...).Meu solo , amiga,musa.Gracias.

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  2. Gracias a usted, amigo amado, que enche de vida minha existência.

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  3. Lindo!!! Obrigada pelo post :)

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