- Ele está quase sempre rindo, ou pelo menos sorrindo
- e tem o dom de fazer todos à sua volta sorrirem.
- Ele é Tenzin Gyatso, Sua Santidade o Décimo Quarto Dalai Lama, líder espiritual do povo tibetano, ganhador do Prêmio Nobel da Paz e maior expoente do budismo da atualidade.
- o sorriso do Dalai Lama impressiona...
- daí, que na semana passada, um apresentador da TV australiana, aproveitou a oportunidade de estar frente às câmeras com o lama que ri e contou-lhe uma piada
- Karl Stefanovic, do canal Channel Nine, soltou a anedota - ao vivo - com um jogo de palavras em inglês que não funciona em outras línguas, como o tibetano.
- Eis a piada [primeiro em inglês, que é como tudo faz sentido]:
A Buddhist monk, visiting New York City for the first time in twenty years, walked up to a hot dog vendor, handed him a twenty dollar bill, and said, "Make me one with everything". The vendor pocketed the money, and handed the Buddhist monk his hot dog. The monk, after waiting for a moment, asked for his change. The vendor looked at him and said, "Change comes from within."
(Um monge budista, em visita à Nova York, pela primeira vez em 20 anos, caminhou até um vendedor de cachorro quente, entregou-lhe uma nota de vinte dólares e pediu: "Faça-me um com tudo." Em inglês, a frase pode ser interpretada como uma espécie de lema budista, sugerindo uma união entre o homem e o universo, "Torne-me um com o todo". O vendedor embolsa o dinheiro e entrega ao monge budista o cachorro quente. O monge, depois de esperar por um momento, pergunta pelo seu troco (que também pode ser entendido por "e a minha transformação?"). O vendedor olha para ele e diz: "A mudança vem de dentro."
*
- com essa historinha inocente - filosófica, até - o australiano conseguiu a façanha de deixar o Dalai-Lama constrangido
- sem entender lhufas e diante da risada solta do entrevistador, Sua Santidade só conseguiu balbuciar: "teoricamente possível"
- ao perceber o olhar perplexo do santo homem, Stefanovic admite que não conseguiu fazer a piada,
- o que finalmente provoca a gargalhada - bem terrena - do líder espiritual tibetano.
- Já ouvi uma gente muito séria e inteligente discorrer que as anedotas "não servem para nada, são pura idiotice, distração boba, futilidade disfarçada de insulto"
- ...
- ora, uma boa piada requer coragem e inteligência,
- talvez seja por isso que existam tantas piadas ruins e tanta gente carrancuda
- que não riem nunca, nem ao menos de si mesmas (pode haver coisa pior?)
- isso sim é insultante - de uma inutilidade sem precedentes.
- prefiro o Décimo Quarto Dalai Lama, que mesmo diante do absurdo posiocina-se no "teoricamente possível"
- e sua resposta à jornalista baiana que lhe perguntou [quando de sua última visita ao Brasil, em 2006]: "Por que o senhor está sempre sorrindo?"
- "Sorrio porque sinto-me como se estivesse sempre reencontrando um velho amigo. Para mim, um desconhecido é outro membro da família humana que encontro"
- e completou: "é preciso não banalizar o sorriso. Isso não quer dizer que devemos economizá-lo. É fundamental saber sorrir."
*
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