Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga, Súplica
*
* um mar sem ondas é como o homem sem amor. [o mar é feito o homem: da sua profundidade só temos uma pequena noção - tantos monstros adormecidos esperando por despertar... e ainda à merce dos ventos e das maré.]
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