segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lar...


... é onde mora nosso coração


... e os livros, os meus, os dele, os das crianças, as contas todas já pagas de água, luz, telefone, celular, cartão de crédito e as que faltam pagar, os sapatos, as botas, os chinelos e as pantufas, os cobertores, os travesseiros prediletos e os das visitas, as roupas, os casacos de inverno que só usamos uma vez ao ano (mas não é uma benção tê-los?), os brincos, os lenços que eu mesma já tô acreditando que fui indiana ou sherazade, as embalagens destas delicadezas, tão lindas, tão finas, que dó se desfazer, os shampoos que nenhum deixa meus cabelos iguais ao daquela atriz tão magrinha e drogadita, como pode ter uma cabeleira assim? e os sabonetes e cremes e perfumes bons e raros que só se usa vez ou nunca, também, né, oportunidades, oi?, os guarda-chuvas, as malas esperando viajar, os brinquedos novos e antigos, os cadernos e arquivos do tempo da faculdade, as canetas, as revistas, os tubos de aquarela meio secos, os recortes das revistas, as canecas e copos de cristais desconjuntados, os aparelhos eletrônicos caducos e sem uso (videocassete, acredita? ainda tenho um por aqui), o MP3, a máquina fotográfica, os enfeites de natal e os de páscoa, as agendas de telefones para atualizar, os cartões de visitas de quem mesmo?, os CDs de música, os de fotos, os de filmes, os de cursos, enfim

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 ...não à toa que o coraçãozito aqui anda meio banzo, sem alento, oprimidaço sob tanta tranqueira.

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(o que não deixa de ser uma baita contradição, afinal, sempre acreditei que o lar perfeito só requer um teto firme, muitas janelas, uma boa fogueira - fogão serve - mesa com muitas cadeiras e a porta sempre aberta, que é pra facilitar quem entra e quem quer sair... )

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(com o tempo, fui simplicando [AMÉM] e descartei as muitas certezas para descobrir, orgulhosa, que lar se faz unicamente com um Coração de Mãe - largo, generoso e valente - e que isso, só isso, é o que basta para aquecer, confortar e nutrir qualquer ambiente.) 

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* quem passar aqui por perto esta semana certamente vai me ouvir entoando o mantra do desapego, da leveza e da claridade. Ilustração: Ana Oliveira.

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