a última hospedeira
peço-te que, se vieres, chegues alegre e de mansinho,
chegues talvez fora de hora, longe do combinado,
isso não me preocupa, mas chegues sorridente,
ao menos uma vez, depois de tantas vezes em que chegaste arrasadora,
de cara fechada, empurrando e ofendendo sem motivo,
chegues hoje pequenina, chegues com chapéu na mão,
faças uma reverência, senão por merecimento dispensado,
ao menos por antiguidade, por seres a minha mais antiga presença,
passes um batom intenso, não me importa, descabeles um pouco,
se for totalmente necessário, as madeixas do teu veneno único,
apenas não te esqueças de cantarolar alguma coisa em francês,
ou então qualquer música leve assobiada com ardor.
que chegues elegante ainda que jovem, minha preciosa,
petulante amiga, chegues sem rima ou qualquer enganação profana,
não precisamos de etiquetas agora, nunca mais precisaremos,
sejamos apenas um bom casal que se separou por muito tempo
e agora planeja voltar a morar junto, em quartos separados.
posso te esperar até mesmo sentado, vestindo terno,
de pernas cruzadas esperarei, com charutos para nós dois,
arrastarei, para que sentes, a cadeira do meu corpo tombado,
e tu te sentarás sem muitas palavras, mas sempre sorridente
e sutil e feroz como Anna Magnani tu embalarás meu sono,
e eu serei teu novo escudo, serei tua bellissima creatura.
Leonardo Marona
*
Nenhum comentário:
Postar um comentário