"... a cada fim de ano, repito: nossos planos são muito bons, como na canção dos Doces Bárbaros, nossos planos são recicláveis, como os de mil novecentos e antigamente...
Nossos planos são os mesmos que se arrastam desde seculus seculorum, nossos planos são tão conhecidos, tão íntimos, eles nos acompanham há tanto tempo que viraram nossos amantes, nossos melhores amigos.
Nossos planos renascem a cada fim de ano como os nossos melhores cúmplices. Nossos planos sabem que se os realizássemos à risca a vida perderia a graça, seríamos perfeitos demais.
Nossos planos são muito bons, mas sinto muito por eles, coitados, mais uma vez não serão cumpridos na íntegra no ano da graça de 2012. Cumpriremos, no máximo, os 10% da humaníssima cota do possível, os 10% do garçom, justa medida.
Nossos planos são muito bons, mas, como sempre, ainda temos o benefício da dúvida, ainda temos a complacência e, se, por acaso, faltar alguma conversa fiada no estoque, botamos a culpa nos outros – nosso inferno mais próximo.
Nossos planos se espreguiçam, estralando todas as juntas e costelas, quando ouvem falar outra vez de novos planos.
Nossos planos estão dengosos, como nunca, para o ano novo, nossos planos querem colo... e adoram uma rede depois do almoço."
...
- na semana internacional do "balanço"
- quando se pondera o que foi e o que será
- se vamos ou ficamos,
- quando listamos os desejos que ficaram pra trás
- e as resoluções
- mais uma vez à frente
- (tão à frente que mal se alcança)
- ...
- limito-me a balançar diariamente,
- na corda bamba que a vida me deu
- e que, pelo vivido,
- vai estar sob meus pés até ao fim
- (até o chão parecer mais atraente
- - ou eu mais cansada e descrente)
- e cair...
- sem esmorecer!
- mas intimimante ansiando
- por uma rede que embale os meus sonhos
- um colo que abrigue meu corpo
- um ninho
- - que é mais que um lar e além de um amor -
- pra chamar de meu.
*
* em aspas: trecho desta crônica, do Xico Sá ** nas fotos: Flederhaus em Viena, na Austria (ou quando a arquitetura decifra os sonhos do homem) e casulo dos designers Daniel Pouzet e Fredy Frety...
Nossa, que sonho o balanço no lago... na real, são tantos os sonhos né? :/
ResponderExcluiramém, André, amém...
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