"Descobri que a saudade, quando atinge a carne, não é simples nostalgia, mas sim uma dor; da raiz dos cabelos até à planta dos pés, ela tece sobre a minha pele uma túnica envenenada."
Simone Beauvoir, in A força da idade, 1960
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* simplesmente a.m.o esse flagrante de Simone nua, de costas no banheiro. Tão linda e sedutora e feminina e entregue à vaidade de se deixar fotografar... Vi-a [a foto] pela primeira vez em 2006, publicada na capa da Ilustrada, da Folha de S. Paulo. Mexeu comigo. Deve ter mexido com muita gente. Como entender Simone depois desta foto? A Simone ícone feminista, musa existencialista, autora de O Segundo Sexo (ainda a bíblia feminista, nestes tempos de negação de bíblias e feminismo?) bissexual e parceira de Sartre? A foto, sacada por Art Shay, fotógrafo norte-americano, em 1950. Íntimos, certamente. Simone estava com 44 anos [assim como eu, em 2011] e deslumbrante [não exatamente como eu, desde muito]. Já tinha escrito O Segundo Sexo. E naquele momento, apaixonada por outro americano, o jornalista e escritor Nelson Algren. Simone esteve envolvida com Algren por 20 anos. E com tantos outros, no mesmo período. E sempre ao lado de Sartre, até seu último suspiro. Gosto da foto porque me agrada pensar em Simone como uma mulher de verdade. Uma intelectual que pensava o corpo. Melhor: um corpo que fez sua cabeça dançar miudinho... E que suas escolhas foram as que possibilitaram este corpo que vejo - sem as marcas de uma vida de tensão, repressão ou sofrimento. . Dizem que Sartre era o libertário. Que Simone, por acompanhá-lo, aceitava. Hoje, percebo Simone infinitamente maior que Sartre. Uma vida que não se fartou de viver... **o título também foi escrito por Simone; vindo logo após a frase citada.
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