"Para onde nos atrai o azul?" já nos perguntava Guimarães Rosa
"Pois, lhe digo minha Dona. É uma pena a senhora andar por aí fatigando seus olhos pelo mundo. Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga. Sabe o que faz? Estende-se aí na areia, oblonga-se deitadinha, estica a alma na diagonal. Depois, fica assim, caladita, rentinha ao chão, até sentir a terra se enamorar de si. Digo-lhe, Dona: quando ficamos calados, igual uma pedra, acabamos por escutar os sotaques da terra. A senhora num certo momento, há-de ouvir um chão marinho, faz conta é um mar sob a pele do chão. Aproveita esse embalo, Dona Luarmina. Eu tiro boas vantagens desses silêncios submarinos. São eles que me fazem adormecer ainda hoje. Sou criança dele, do mar." Mia Couto
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* se os excessos cansam, aqui está: enjoei já deste inverno. Tão cedo, tanto ainda, mas ando a sonhar com o cheiro do sal, do mar e de como isso fica bom de lamber na pele. E como sonhar não custa nada, ando soltando uns suspiros para os lados da Croácia...
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