Em the Last Sitting, o livro onde estão muitas das melhores fotos de Marilyn Monroe poucos dias antes de morrer, Bert Stern, o fotógrafo, conta como foi a sessão [e a certa altura diz]:
"Eis que estou em cima dela. Mas não ultrapasso a última etapa, onde a vista se confunde com o tocar. Ainda não. Se fizer isso agora, tudo terminará muito cedo e a energia que alimenta estas imagens irá evaporar-se. Em vez de me inclinar sobre ela como desejo, fico ao seu lado a uma distância magnética que é um pouco o contrário de tocar. Quero ter tempo para olhá-la antes de precipitar tudo. Essa energia do olhar é maravilhosa."
- e não é que Bert acaba de nos mostrar como um momento é suficiente para estabelecer a magia entre dois seres?
- quando estamos a milímetros do inevitável e esperamos por ele só mais um instante até...
- não conseguirmos aguentar mais!
- [porque a seguir virão as tempestades de inverno...]
*
* porque estamos no inverno e passei o domingo em frente ao mar, olhando as ondas tecerem lençois de renda na espuma. Porque sempre gostei de observar os banhistas que não se intimidam com a água fria e nem com os ventos que varrem a praia, em julho. Porque tudo sempre se resume ao olhar. ** com este, vou completando a série Dos Sentidos. A ver: Fome, Febre e Perfume de gente (e ainda devendo o texto sobre a a audição. Aguarde!)
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