"A intuição que Martin Scorsese tem sobre George ficou evidente logo na primeira vez que nos encontramos para discutir o projeto. Ele consegue sentir tudo aquilo que constitui George: sua música, suas crenças, sua arte, seu lugar na história dos Beatles e toda a extraordinária vida que teve depois da banda. Martin encontrou tudo isso e muito mais". Olivia, ex-esposa de Harrison e produtora do filme.
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* o filme só estreia em 30 de setembro, mas me sinto como se estivesse prenhe: ansiosa pra ver a cara do bonitinho; que já o amo desde muito...
* isso porque a insônia me fez cantarolar Mr. Sandman (give me a dream, panpanpanpam) das The Chordettes (na trilha do videozito; fofas né?). são quase 5h da matina. todos dormem. até a cidade parece dormir. e eu, sorrindo... só o humor salva!
Queria escrever qualquer coisa, mas só me sai que te adoro. Queria opinar sobre a economia e a queda nas bolsas, o perfil dos novos ministros e a impunidade judicial, mas só me sai que te adoro. Discorrer sobre a inconstância do tempo, sobre o frio deste inverno rigoroso, as últimas alterações à lei, a mediocridade nacional, a decadência do ensino, a propagação da gripe A, mas só me sai que te adoro. Queria descrever com precisão as saudades que tenho da infância, de caminhar na areia fofa e quente da praia e de saber ao longe o cardume de tainhas. Queria à falta de melhor falar sobre as últimas do futebol, das hipóteses rasas da seleção, da nova série da discovery e do piriguetismo das estrelas de TV; alertar os incautos para os desencontros que desaguam em silêncios e que cortam vidas ao meio, mas só me sai que te adoro. Queria fazer piadas, armar-me em esperta, soltar citações a propósito e observações espirituosas, suscitar sorrisos cúmplices e respostas aduladoras; e dizer-te que afinal te detesto, que pensando bem te desprezo, que nunca foste nem serás; concluir, enfim, sobre a impossibilidade de sermos um só. Mas só me sai que te adoro.
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* queria escrever. mas não consigo feito a portuguesa Sofia Vieira.** Marilyn não precisa de permissão pra invadir os posts, tem passe livre aqui (outra obsessão - sempre nas melhores fotos, é ela quem está...)
* a composição Fly Love está na trilha sonora da animação Rio (aqui a cena, que é engraçada, ingênua e romântica na medida pra criançada - e suas mães!) ** citação no título: Alphonse Allais.
"Ah! Que não seja meu, o mundo onde o amor morreu."
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* o curta metragem J’Attendrai Le Suivant, de Philippe Orreindy é de 2002. Concorreu ao Oscar de de melhor curta estrangeiro, mas não venceu. ** a frase em aspas é do Vinicius, da canção Tempo de Amor.
* trecho do romanceUm Dia, deDavid Nicholls. ** dedicado à minha sobrinha, Cathy (uma homenagem antecipada ao título de Miss Brasil 2020). *** nas imagens, a atriz Kristen Wiig, na personagem Aunt Linda, para o Saturday Night Live.
quando meus filhos querem meu chamego sabe o que fazem? deitam-se no sofá, na cama, na rede... deitam e me chamam bem docinho: "manhê, vem me amar?" e fazem umas carinhas sedutoras, fecham os olhos, sorriem, entregam-se, encolhem-se e se preparam, antecipando o prazer. eu vou chegando, de mansinho, amassando, beijando tudinho. "deixa eu ver se estão aqui os dedinhos" - beijo um a um e vou contando. depois vou para o umbiguinho - "deixa eu ver que gosto tem hoje. humm, feijão, bolo, tomatinho... ei, que é isso, bala? quem te deu balinha?" vou tateando com os lábios, conferindo, confirmando, insuflando o pulmão com seus cheirinhos. já prestes a explodir de amor, vem o outro e reclama - "e eu? não ganho uma 'amadinha? 'cê nem me amou hoje, mãe, nadinha.." e assim vou, de um a outro. nem canso... dureza vida de mãe, sabe?
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* teclando com uma amiga distante, relatando as pequenezas que preenchem meu dia, vou confirmando que a poesia, como o amor, podem estar ao alcance das mãos...
e faz que não fiquemos doentes, só de ver que a beleza não nasce dia a dia na terra. Reúne os pedaços dos espelhos partidos, e não cedas demais ao vislumbre de vermos a nossa idade exata.
Dá asas ao peso da melancolia, e põe ordem no caos e carne nos espectros, ensina aos suicidas a volúpia do baile, enfeitiça os corpos quando eles se apertarem, e não apagues nunca o fogo que os consome.
Serenidade, assiste à multiplicação original do mundo: um manto terníssimo de espuma, um ninho de corais, de limos, de cabelos, um universo de algas despidas e retráteis, um polvo de ternura deliciosa e fresca.
Vem, com teu frio esquecimento, com a tua alucinante e alucinada mão, põe, no religioso ofício da vida, a alegria, a fé, os milagres, a luz!
Vem, e defende-me da traição dos encontros, do engano na presença d'Aquele cuja palavra é silêncio, cujo corpo é de ar, cujo amor é demais absoluto e eterno para ser meu, que o amo.
Para sempre irreal, para sempre obscena, para sempre inocente Serenidade, és minha.
Raul de Carvalho, [trecho de] Serenidade és Minha, 1955
"Conheço um casal feliz. Digo-o, a sério que o digo mesmo, sem ponta de sarcasmo. Nunca discutem. Vivem em perfeita harmonia, sem preocupações ou arrelias. Têm uma casa linda, profissões de sucesso, uma empregada doméstica que se chama Bela e é muito competente, faz lasanha de beringela e piñoles, saladas de melancia e hortelã, têm dois filhos, um cão e dois gatos persas, a Amélia e o Zorba. Viajam todos os anos. Tratam-se um ao outro por amor. "Amor", diz ela e a voz fica macia, como um novelo de lã. "Amor", diz ele e vê-se que há ali um misto de doçura e lascívia, um desejo carnívoro de a tomar, corpo todo, quando a casa repousa. Fizeram anos há pouco tempo. Ele ofereceu-lhe um i-phone. Ela, exatamente passado um mês, na festa de aniversário que lhe preparou, também lhe ofereceu um i-phone. É tão bom quando um casal se conhece assim, do avesso."
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* isso porque não me saem da cabeça estas frases (lidas no blog da Adelaide Ivanova): "percebi que ter uma vida ativa no facebook é uma dinâmica parecida como tomar licor de menta porque todo mundo estava tomando aos 15 anos. não quero nem um nem outro. saí do facebook e quase ninguém lembrou do meu aniversário. estou me sentindo como se eu não existisse. e fiquei pensando, estupefata, no que se tornaram as nossas relações. mano, o que a internet fez com a gente?" ** texto da portuguesa Ana Cássia Rebelo.
O tempo não traz alívio; mentiram-me todos os que disseram que o tempo amenizaria a minha dor. Sinto sua falta no choro da chuva; Quero sua presença no recuar da maré. A velha neve escorre pela encosta de cada montanha, E as folhas de outono viram fumaça em cada caminho Mas o triste amor do passado deve permanecer o meu coração, e meus velhos pensamentos perduram. Há centenas de lugares aos quais receio ir - por estarem repletos de lembranças dele. E ao entrar com alívio em algum lugar tranquilo Onde seu pé nunca pisou, nem seu rosto brilhou. Eu digo: "Aqui não há nenhuma recordação dele!" E com isso paro, arrasada, e me lembro tanto dele.
Edna St. Vincent Millay, O tempo não traz consolo
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* ah! o amor - quando tudo parece ser possível e lindo e perfeitinho mas simplesmente, não acontece... a sensação de estranhamento diante do inexplicável. quando nada consola. e o tempo só piora. ** no vídeo, a melancólica cena final de Cinema Paradiso, com a emocionante composição do maestro Ennio Morricone.
dizem que antes de morrer passa um filme da nossa vida na cabeça
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(ao menos, que seja um blockbuster).
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* meu desejo foi sempre que o filme de minha vida fosse muito romântico e leve, feito os musicais estrelados por Fred Astaire e Ginger Rogers. Com o passar dos anos, já me dava por contente se o roteiro parecesse o das comédias românticas: depois de muitos desencontros e algumas lágrimas, os momentos divertidos e o final feliz compensasssem o ingresso. Mas que nada! Após a primeira parte, um draminha caretinha, tipo novelinha das seis, o negócio desandou. Tá mais parecendo ópera bufa. Precisando urgentemente de um clímax no roteiro da minha vida. Uma mudança de cenário. Novos personagens. Ou treinar a atriz principal - tadinha! - desprovidinha de talento... ô dó! ** o post vai inteirinho para meu amigo Gabriel G. L., companheiro de infindáveis sessões de cinema. Feliz aniversário, amigo! Nossa amizade é o trecho mais doce no filme da minha vida.
"Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo. Lo que me gusta de tu sexo es la boca. Lo que me gusta de tu boca es la lengua. Lo que me gusta de tu lengua es la palabra".
Julio Cortázar, inPapéles inesperados, 2009
* na animação, voz do próprio Julio (com um misto de sotaque argentino, tomado pelo doce acento francês, repara). aqui, o texto em português, na íntegra: "Toco tua boca, com um dedo toco o contorno da tua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você. Tu me olhas, de perto, tu me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõem-se, e os cíclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água." (no capítulo 7, de O Jogo da Amarelinha, Julio Cortázar)
A noite é uma criança e torna-se tão clara agora que você está em mim
Vamos dar tempo ao tempo - o homem na lua até sorri ele conhece nossos sonhos e sabe que esta noite é para amarmo-nos, vagarosamente...
A brisa suave sopra gentil varrendo nossa pele e nosso amor lento como um vento sutil...
So, let's do it fazer durar uma eternidade uma centena de vezes não serão suficientes não apressemos os sentimentos
Lento, amor much better when we take it easy Lento, amor, piano, piano...
(e eu já me sinto cambaleando)
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* encontrei este rascunho de tradução em uma página solta, escrito à mão, dentro de um caderno de 1988, ao lado da letra original de Slow Love, composta por Prince. não é a tradução literal da canção e também não ficou um poema original, mas gostei de perceber a constância das minhas vibrações - nos mesmo tons que ainda hoje vibram... ** a música (outra composição de Prince, regravada por Nadeah, para a coletânea Hollywood Mon Amour) é minha sugestão de trilha sonora para um slow love.
"No fundo todo mundo não passa de um poço profundo de desejos confusos na busca do colo resoluto que nos faça adormecer crianças
antes da morte que é a própria coisa outra vez." Leonardo Marona
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* Jean Reno e Natalie Portman [com 11, acredita? mas já mostrando a que veio - o Oscar chegou este ano, lembra?] em cena de O Profissional (Leon, 1994). Reno sempre rouba minha atenção quando em cena (puta gato talentoso!). Tem sido assim desde Imensidão Azul (1988) também dirigido por Luc Besson. A parceria com Natalie Portman, em O profissional, rendeu talvez a mais improvável e fascinante química entre atores em tela (e, por favor, poupe-me dos comentários pudicos: existem mil abismos de diferença entre pedofilia e romance proibido - que é justamente do que o filme trata, com intensidade impressionante!) ** que fique claro: a intenção da ilustração foi só acrescentar - que não se desvie a atenção à grandiosa frase de Leonardo Marona - esta sim, acachapante!
porque com cordas - violinos e celllos - fica ainda mais resplandecente!
e porque a chuva cessou e o sol me aqueceu;
boa sexta!
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* alguém mais a.d.o.r.a. amarelo e cellos? e pronunciar cello? amo muito! ** (podia ser sempre assim em Londres, feito essa aparição do Coldplay para a BBC... amo tanto essa cidade, quero pra mim só as melhores lembranças.)
A gente se torna velho nem sempre quando se tem idade Às vezes é quando não se tem muita outras vezes é quando sabemos quem somos quando dizemos aos outros: eu sei quem sou
Ou quando passamos a pensar em nós de fora Ser velho é perder o tato com o medo ser velho é semear angústias transgênicas ser velho é acreditar nos contornos do espelho
É quando os olhos fazem maquiagem nas flores da face não por elas serem velhas, infames, cheias de sulcos mas por elas serem um sonho que descolou do precipício
O tempo sabe quem sou e porque sou e isso me envelhece Saber quem somos serve apenas para os vermes que – estes sim – têm certeza absoluta.
Infâmia, Leonardo Morona
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* detalhe e auto retrato do pintor alemão Lucien Freud (que morreu, aos 88 anos, em 21 de julho deste ano). Lucien muito me instiga com sua obra. Suas telas são gigantes, impactando não só pelo tamanho, mas pela crueza: corpos nus, corpos humanos ao natural, com suas formas imperfeitas. Dizia que pintava pessoas, "não precisamente pelo que elas se parecem, não exatamente pelo que elas são, mas como eles deveriam ser". Lucien era neto de Sigmund[Freud]. O avô nos mostrou os abismos de nossa existência; o neto aperfeiçou sua obra, revelando em telas à óleo a alma torturada, a angústia através da pele e do corpo. (aqui, uma galeria de imagens com algumas das telas do pintor).
"Minha índole é pacífica. Só desejo uma cabana modesta com telhado de palha. Porém uma boa cama, comida gostosa, leite e manteiga bem frescos, flores em frente à janela, belas árvores defronte à porta, e se o bom Deus quiser me fazer totalmente feliz, que me conceda a alegria de ver, nessas árvores, cerca de seis ou sete de meus inimigos enforcados. - De coração comovido hei de perdoar, antes de suas mortes, todas as infâmias que me infligiram em vida - sim, temos que perdoar nossos inimigos, mas não antes de serem enforcados. - Perdão, amor e compaixão, meus lemas de vida."
H. Heine, 1797 - 1856
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* Heine, também conhecido como "Aristófanes alemão",foi o gênio que também escreveu estes versos que [hoje] me divertem: "A sorte é uma mulher vadia/Que não se aquieta no lugar/Te beija, abraça, acaricia/Desaparece num piscar/Senhora Azar é toda amor/Te prende firme ao coração/Diz não ter pressa e faz tricô/Esparramada em teu colchão."
"Todos nós, em média, dedicamos mais energia à tentativa de silenciar nossos sonhos do que à tentativa de realizá-los. Muitos dizem que desistiram de sonhos dos quais os pais não gostavam por medo de perder o amor deles. O fato é que somos complacentes com as expectativas dos outros (que amamos ou não) à condição que elas nos convidem a desistir de nosso desejo. É isso mesmo, a frase não saiu errada: adoramos nos conformar (ou nos resignar) às expectativas que mais nos afastam de nossos sonhos. Aparentemente, preferimos ser o romancista potencial que foi impedido de mostrar seu talento a ser o romancista que tentou e revelou ao mundo que não tinha talento. Desistindo de nossos sonhos, evitamos fracassar nos projetos que mais nos importam.
Um conselho: se você encontrar alguém disposto a caminhar na chuva do seu lado, não fuja; molhe-se. "
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* trecho de crônica, escrita por Contardo Calligaris, para a Folha de São Paulo, em 7/07/11
* The Asteroids Galaxy Tour é uma banda jovenzinha de Copenhague, Dinamarca. Sua vocalista, Mette Lindberg tem chamado a atenção da crítica e do público pelo timbre inusitado de voz. Gostou? Ouça também o hit Golden Age.
3 motivos pra sair da frente desse computador, agora mesmo!
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* e meu coraçãozinho acelerado quer tirar a bunda da cadeira right now, mas não sossega enquanto não olha quadro a quadro, repetidamente, vibrando com o excelente trabalho de edição. ** Goreti, repara: no vídeo Learn, tem parkour em frente à Torre Eiffel, no 0:31 min. Que tal? Simbora pra Paris? (wanderlust pra ti também, minha fofa!)
"Somos castigados por nossas renúncias. Cada impulso que tentamos estrangular germina no cérebro e envenena-nos. O mais corajoso dentre nós tem medo de si próprio.
Peque o corpo uma vez e estamos livres do pecado. Porque a ação tem um dom purificador. Nada restará então, salvo a lembrança de um prazer; ou a volúpia de um arrependimento.
A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Se resistirmos, nossa alma adoecerá de desejo do que proibimos a nós mesmos. O fogo enrijece o que não consome.
Os grandes acontecimentos do mundo acontecem no cérebro. É também no cérebro, e só nele, que ocorrem os grandes pecados do mundo."
Oscar Wilde, in O Retrato de Dorian Gray
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* porque desatei a ler Mónica Torres: "O corpo é um corpo. Filosoficamente considerado um lugar, uma casa, um invólucro, qualquer bimbalhice dessas que lhe queiram chamar. Estou-me nas tintas, para mim será sempre uma espécie de embrulho mais ou menos bonitinho, mais ou menos massudinho, mais ou menos gostosinho e queira Deus Nosso Senhor sempre muito cheiroso".
ok, revejo, também um sex -but, without love... there's no meaning for sex!
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[e percebo feliz, mas ainda um pouco assustada, que cheguei na curva da vida onde as escolhas passam a ser nomeadas por seleção]
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* este vai pro André, que tem a coleção de camisetas mais lindas deste lugar (não só porque tem um senso estético apurado, mas porque sabe vesti-las como ninguém!)
* porque hoje vi uma foto da minha antiga professora de inglês, que também me ensinou o francês, que é loira e belga, foi casada com um cubano, tem dois filhos mulatos, nascidos no Brasil, fala nove línguas, uma delas o banto. ** porque lembrei desta música de Youssou'N'Dour (de 94), composta em três línguas - senegalês, inglês e francês, mas que ainda enfrenta tanta incompreensão. *** a língua do mundo é vasta, mas os ouvidos são rasos.
[o que novamente transformou-se em viral na web, com mais de 350 mil visualizações em um só dia]
a canção,"Ode to Elopemente" (Ode à Fuga), é uma composição dramática, embora romântica, escrita de seu próprio punho
cantada por Gongquan em chinês, com aquele tipo de voz de bambu mossô encharcado de pântano, sabe como?
some a isso braços estendidos ao ar e uma expressão dolorida - o vídeo ficou deliciosamente patético!
saca só um trecho da sua cantoria sobre paixão e desgosto:
"Sempre voltado para os sussurros do vento com um coração ansioso por amor. O que mais detesto é trabalhar para realizações profanas. Quem já viu montanhas de ouro e prata durarem até dez mil gerações? Ao longo dos séculos, a única coisa preciosa é este sentimento".
é que achei o cara fofo demais em afirmar seu amor. Comovente. Ganhou meu coração.
fosse eu Wang Qin, perdoaria meu Gongquan
pegaria minha parte em dinheiro e sem derramar sequer uma lágrima de adeus
sairia o mundo à procura de um especialista, um profissional
que soubesse tratar com capricho meus adereços de cabeça
[e que, de preferência, cantasse diretamente no meu ouvidinho uns troços bem bonitinhos e sacanas]
vai, Wang Qin, corre!
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* brincando, brincando (que só o humor salva!) vou destripando o peixe podre que é esse negócio de infidelidade. Porque, mermão, de traição e de pegar chuva, ninguém tá salvo. Uma pesquisa inglesa chegou à conclusão que 60% da população mundial já traiu. Isso nos coloca na seguinte situation: se você só teve um parceiro na vida, tem 60% de chance de ser corno (título vitalício). Se teve (ou tem) mais de um, tranquilize-se, você certamente é corno. Digo pra relaxar, porque tudo isso é só uma questão de sintaxe, ou seja, um caso menor em toda a vasta literatura. O importante, o único fator que deve-se levar em conta é que o coração não trai ninguém. Especialmente a si mesmo. ** este post foi parcialmente psicografado por Nelson Rogrigues.
"Estranha criatura o homem; não pede para nascer, não sabe viver
e não quer morrer." Albert Einstein
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* lembrei-me do Einstein e de sua frase aí em cima enquanto lia esta outra: "As grandes livarias são monumentos à ignorância humana. Bem poucos seriam os livros se contivessem somente verdades. Os erros dos homens abastecem as estantes", cunhada pelo Marquês de Maricá (1773-1848). ** pois eu de metida, digo: "ainda bem viu, sr. marquês!" E viva os erros que abastecem nossas vidas de histórias boas de contar, de chorar, de rir e de chorar de rir. De experiências. De curiosidade. De emoções. E de sentido!