quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Viés



[...]
Eu queria querer-te e amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor
[...]

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo-te aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim.


Caetano Veloso, in "O quereres"


*





* e daí quando me pergunto "que diabo insisto nisso?" que é uma injustiça, uma crueldade, enfim tanto querer e não encontrar contrapartida e mimimi mimimi, lembro do Caetano, iluminado, sorrindo de viés: "não exagera!"

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