quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

pela vida, graça renovada a cada momento...



...

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
A beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdeste.
Não é o irmão que já perdeste.
Ou eu.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.

Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.


Manuel Bandeira



*





* quem é do sul do Brasil já é familiarizado com esta canção [que tem sido tema de final de ano do canal RBS de televisão, desde 1985]. Para os do "norte", a oportunidade de conhecer: "Vida é chuva, é sol. Um barquinho a rolar. Um retrato, um farol. Que será, que será? Vida é o filho que cresce, uma estrada, um caminho.É um pouco de tudo, é um beijo, um carinho. É um sino tocando, uma fêmea no cio. É alguém se chegando, é o que ninguém viu. É discurso, é promessa. É um mar, é um rio. Vida é revolução, é deixar como está. É uma velha canção. Deus nos deu, Deus dará. Vida é solidão, é a turma do bar. É partir sem razão, é voltar por voltar. Vida é palco, é platéia, é cadeira vazia. É rotina, odisséia, é sair de uma fria. É um sonho tão bom. É a briga no altar. Vida é o grito de gol. É m banho de mar. É inverno, é verão. Vida é mentira, é verdade. Quem sabe a vida é da vida a razão". ** para todos os que me fizeram vibrar em 2011: gracias por la vida!

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