terça-feira, 31 de maio de 2011

And so it is, just like it should be...

"A primeira lição é: o amor é onipresente. 
Agora a segunda: mas é imprevisível. 
Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender." Martha Medeiros

*


* e aqui inicio a série (onipresente, mas previsível) sobre amor e paixão, especialmente para o Dia dos Namorados do Brasil, que é em junho, ou seja - NOW! Foi dada da largada: é tempo de amor, meu povo! - uh, uh, ôuh, ôuh...

Pied-à-terre*



  • Brett Dennen apareceu na minha tela e só com esta música, sacudiu o marasmo...
  • ruivo, gordinho e com o cabelo pedindo uma tesourada, mais parece um moleque!
  • mas é um garoto de 30 e poucos, com swing de muitas vidas somadas
  • Tenho ouvido todos os dias, numa espécie de "esquenta" para o próximo verão:
  • que essa música tem cara de praia, rede e tudo o que lembra sol, num tem?  

*

  • sem falar na total identificação: daria um rim pra poder trabalhar descalça,
  • e o outro rim, mais as duas córneas pra viver de vender sapatos invisíveis 
  • e ajudar a fazer do mundo um lugar mais piede à terre para todos nós.

 *

* expressão francesa, surgida nos fins do séc. 18, que significa exatamente, pés no chão. Usada para designar as casas térreas que eram usadas como segunda morada pelos nobres e alta burguesia descansarem durante a semana (supondo-se que suas primeiras residências eram palácios, palacetes e mansões de muitos andares). Atualmente, chamamos de pied-a-terre as segundas residências que muitas famílias abastadas mantêm em locais cercados de natureza (praia, campo, montanha) para passarem as férias. Normalmente, são residências mais parecidas com o que conhecemos como lar - pouca ostestanção, muito conforto, cozinhas funcionando como centro de convívio e dezenas de cantinhos perfeitos para relaxar, pensar na vida e admirar a natureza.

    Passatempo...


    *

    sempre me divirto quando topo com essa brincadeira.

    *

    (faz como eu, volta outro dia e vê como outras palavras aparecem,
    as "revelações" não cessam. As minhas para hoje foram 
    Lust/Past/Cut - wow!)  

    segunda-feira, 30 de maio de 2011

    Todas as famílias felizes se parecem...

    ... não é mesmo uma espécie de milagre a capacidade dos bons fotógrafos de eternizar momentos de beleza e verdadeira felicidade, mesmo nas famílias mais improváveis?

    *
    (e que este seja meu testamento de devoção ao grande Mário Testino!)

    *

    * no título, trecho da citação "Todas as famílias felizes se parecem, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira", de Tolstoi. ** dedicado a todos que se deprimem com as fotos transbordantes de alegria - sejam de celebridades, sejam dos amigos - disseminadas pela mídia e espalhadas pela web e redes sociais...

    E daí, como vai a vidinha, Dna. Barata?

    Quem vive segundo seu desejo é, no mínimo, mais alegre. 

    Esta é mesmo uma boa definição da alegria: a sensação de que nosso desejo está engajado no que estamos fazendo, ou seja, de que nossa vida não acontece por inércia e obrigação. Inversa e logicamente, muitos estimamamos dever nossa (grande ou pequena) infelicidade ao fato de termos dirigido a vida por caminhos que - droga! - não eram exatamente os que queríamos. Pois bem, esse pressuposto bate de frente com uma pequena constatação: o "nosso desejo" nunca é UM desejo definido por UM objeto ou por UM projeto. Não existe, nem escrito lá no fundo escondido de nossa mente, UM querer definido, que poderíamos descobrir e praticar com afinco e satisfação porque estaríamos fazendo aquela coisa ou caçando aquele objeto aos quais éramos, por assim dizer, destinados. Nada disso: de uma certa forma, todos os objetos e os projetos se valem e nenhum é "nosso" objeto ou projeto específico. Ou seja, nós desejamos sempre segundo as circunstâncias, os encontros, as oportunidades - segundo as tentações, se você preferir.

    Somos volúveis? Nem tanto, pois cada objeto e projeto não substitui necessariamente o anterior. O que acontece é que desejar é uma atividade inventiva a jato contínuo.

    Por consequência, mesmo quando estamos alegremente convencidos de estar fazendo o que queremos com nossa vida, nunca estamos ao abrigo do surgimento de desejos novos. Claro, podemos aceitar esses desejos novos. Mas  dar ouvidos aos novos desejos nem sempre é fácil. Imaginemos, por exemplo, alguém que esteja no meio de sua vida profissional e num bom momento de sua vida amorosa. Nesse caso, provavelmente, o novo desejo será silenciado, reprimido, menosprezado ("deixe para lá, é besteira"). Resultado: continuaremos declarando que estamos vivendo a vida que queremos (e, em parte, será verdade); só que, de repente, sem entender por quê, perdemos nossa alegria. Por que razão negligenciamos nossos novos desejos? Simples: por serem novos, eles acarretam a ameaça de uma ruptura no presente: afetos e laços que poderiam ser perdidos, medo da solidão e preguiça dos esforços necessários para reinventar a vida.

    Infelizmente, essa negligência tem um custo alto. Sempre entendi assim a "Metamorfose", de Kafka: alguém acorda e o que até então era uma vida normal e legal, de repente, aos seus olhos, é uma vida de barata.

    Às vezes, procuramos em vão as causas de uma depressão: não houve lutos ou perdas, nada disso; está tudo bem, trabalho, família, filhos e tal, mas entristecemos, fumamos e bebemos como se quiséssemos encurtar a vida, engordamos como se estivéssemos num mar de frustração, precisando urgentemente de gratificações alternativas (e de um chocolatinho!). Em muitas dessas vezes, a origem da depressão não é uma perda, nem propriamente uma frustração, mas a aparição de um desejo novo que não foi reconhecido. E os novos desejos, sobretudo quando são silenciados, desvalorizam a vida que estamos vivendo.

    Moral da estória: Não existem vidas definitivamente resolvidas, pois novos desejos surgem sempre.

    *



    * mais uma do Contardo Calligaris (também pode ser lido como continuação deste post aqui).

    domingo, 29 de maio de 2011

    Porque todo mundo parece fofo quando dorme...


    "Amar, além de muitas outras coisas, é deleitar-se na contemplação e na observação da pessoa amada”. Alberto Moravia


    *


     

    Afinal, o que querem as mulheres?

    "As mulheres querem ser verdadeiras. Tanta coisa nos empurra para o estereótipo. Não funciona assim... Somos muito mais em nossas fragilidades do que nas virtudes. E os encontros nunca se dão entre duas perfeições." Patrícia Pillar, atriz, 48, para a revista Lola, maio/2011.

    #chupafreud!


    *


    * e alguém aí sabe responder o que querem os homens? Rá, essa encruzilhada dá nó em pingo d'água, mermão! claro que eu não tenho a resposta (e, de verdade, não me interessa, desde que me desejem um tantinho assim ÓÓÓ), mas tenho aqui uma boa pista: o querer, ou seja, o desejo - quer masculino ou feminino, é movimento. Sacou?

    Tudo é como é porque tudo foi como foi


    "Às vezes me sinto enrodilhado nisso, como se - não importa o que eu fizer - o que virá já está fixado. Acho que é por isso que me delicio tanto em escrever para você. Assim consigo ser como não sou, mas como desejo que me veja. Consigo ser engraçado, pois tenho tempo para meditar sobre como ser engraçado, consigo reparar meus erros quando erro e consigo ser uma pessoa melancólica de uma maneira interessante, não apenas pura melancolia. Ao escrever nós recebemos segundas chances."

     *


    * totalmente fisgada e encantada com o livro que tem ido para a cama comigo nestes dias - Tudo se Ilumina, de Jonathan Safran Froer. Tenho até pudor de resenhar qualquer palavra sobre ele, mas achei quem teve coragem e se saiu bem. Agora, quero muito ver o filme, Uma vida Iluminada, com o Elijah Wood, ler os outros títulos do autor que sairam no Brasil e um da esposa dele, Nicole Krauss, A História do Amor. Satisfazer as compulsões - um bom motivo para se viver! ** Words Creat Worlds é o nome - ótimo! - da ilustração escolhida para este post. *** apesar da passagem aí de cima, não se engane, o livro é engraçado pra ca... ramba!   

    Autumn, 68




    *

    • Bom domingo!

    sábado, 28 de maio de 2011

    An affair to remember



    • porque esta semana lembrei do meu primeiro namorado
      'and a page was torn out of time and space' 
    • e porque foi há tanto tempo que quase bate com o lançamento da musiquinha aí de cima...
    'our love affair, may it always be
    a flame to burn through eternity'

     *









    * Our love affair é tema do filme An affair to remenber - Tarde demais para esquecer, de 1957, com Cary Grant e Deborah Kerr, fazendo o casal apaixonado, mas comprometidos, que concordam em encontrar-se seis meses depois no Empire State Building, caso continuem sentindo o mesmo um pelo outro. Mas o destino lhes prega uma rasteira e o resto é... Hollywood! ** tínhamos em nossa casa paterna uma regravação desta canção em LP, feita pelo Nat King Cole; mas prefiro a versão do Frank, Sinatra, of course. A postada acima é bem mais moderninha, que é pra não enfastiar o leitor jovem que decidir passar por aqui. *** a lembrança que veio, com uma avalanche de ternura e nenhum ressentimento, foi do Giancarlo G. M., o melhor namorado que uma garota pode ter! **** é, eu sei, também me surpreendo com o quão antiquada é a minha memória musical - mas não resisto em afirmar que é extensa, ah isso é...

    sexta-feira, 27 de maio de 2011

    Gersal


    Minha cunhada me escreve solicitando receita do temperinho que come sempre que vem aqui em casa. Já perdi a conta de quantas vezes descrevi esta receita, mas desta vez resolvi me aprofundar, colocando tudo que sei em um textinho caprichado. Assim, posso compartilhar com mais pessoas.


    Furikake 
    Os furikakes são gostosuras nutritivas em pó que a gente espalha por cima do arroz, do pão, dos legumes. Costume japonês muito antigo, eles quebram o maior galho e enriquecem o prato, dando um toque especial à qualquer refeição trivial. Os furikakes podem ser chamados de temperos, mas não devem ser reaquecidos (tipo, cozinhar com o feijão) e sim colocados por cima dos alimentos já prontos. Você certamente já percebeu o gersal decorando "hot" sushis. No Japão, como aqui em casa, são normalmente utilizados em pratos quentes, prioritariamente carboidratos, como o arroz, arroz com feijão, lentilhas, legumes cozidos, batatas assadas, macarrão, purês... mas a maioria dos que me pedem esta receita usam mesmo é nas saladas -  até já passei a receita para quem, depois descobriu, não conseguir mais imaginar a pipoca quentinha sem ele! 

    Gersal
    O gersal é um temperinho que aqui em casa nunca falta e que faz o maior sucesso entre os que nos visitam. É uma receita japonesa que aprendi há uns 20 anos, em minhas primeiras incursões na incrível jornada pelos caminhos encantados da alimentação natural. 

    É um alimento singelo, mas de uma riqueza sem par. A ideia principal do gersal é diminuir o consumo de sal, aproveitando o sabor, o tempero e a funcionalidade do gergelim, que é rico em proteínas, fibras, cálcio e ferro, gordura do bem, vitamina E, do complexo B e minerais (fósforo, magnésio, selênio, zinco e manganês). E também substituir a proteína animal da alimentação – gersal deveria ser obrigatório para vegetarianos. O gersal tem propriedades mágicas para o corpo: neutraliza a acidez do sangue, aliviando o cansaço; fortalece o sistema nervoso; equilibra o yin e o yang no organismo e aumenta a imunidade.

    Porque o gergelim não serve somente para decorar o pão da padaria! Pode-se comprá-lo no mercado, ou melhor ainda, em loja de produtos naturais, a granel. São super baratos e rendem que é uma loucura! Para o gersal, prefira o gergelim com casca – integral - não importando a cor. Existe o "bege" e o preto, que é mais yang e fica muito interessante a mistura dos dois. O branco é o gergelim descascado, impróprio para a receita.

     

    Ingredientes:
    • 12 colheres de sopa de gergelim, 
    • 1 colher de sal marinho*
    * esta é a medida padrão, pode ser aumentada ou diminuída, mas sempre observando a proporção de 10 a 15 porções de gergelim para 1 de sal (eu prefiro menos salgado e uso a proporção 15 X 1).

    Preparo:
    Pegue uma frigideira larga (para que o gergelim não fique amontoado e toste por igual) e leve ao fogo médio. Despeje o sal marinho e dê uma “secada”, por uns 5 minutos. Após, espalhe o gergelim e fique mexendo com a colher de pau por um tempo (+ ou – 15 min.) até que eles dourem. Você percebe o momento em que começam a tostar, pois as sementinhas pipocam na frigideira. Outra dica é pegar um pequeno punhado com os dedos e amassar - se esfarelalem, está no ponto.


    * Atenção, isso é muito importante, não deixe passar do ponto – o gergelim queimado é altamente prejudicial à vesícula e muito indigesto! Se deixou o gergelim escurecer muito, nem tente reaproveitar, ok?! 

    Continuando; espere esfriar um pouco e despeje a misture de gergelim e sal marinho no liquidificador (aprendi esta receita usando um pilãozinho de pedra chamado suribachi, um bowl cheio de ranhuras na parte interna, próprio para furikakear e muito utilizado em toda a culinária oriental, não só no Japão, mas em toda China, Coréias, Índia [fundamental para mixar as mil e uma especiarias dos currys e garam masalas] até chegar em grande estilo nos países arábes e de culinária muçulmana - super roots! Pena ainda não ter encontrado um assim para minha cozinha...). Dê umas leves pulsadas para triturar levemente até virar um pó, não importando se uma ou outra semente ficarem intactas. O aroma liberado no momento que as sementes são moídas não tem preço – perfume divino!

    suribachi e socador "rolinho", o mesmo que alisa a massa do pastel de feira e alinha os ossos nas sessões de massagem oriental - o verdadeiro mil e uma utilidades!

    Guarde em potinho de vidro ou cerâmica bem vedado e lembre-se sempre de colocar à mesa durante às refeições. Nosso potinho está sempre acompanhado de uma colherzinha de madeira, do tamanho de uma colher de chá, no formato de uma espátula – comprada em lojinha japonesa - o que facilita um bocado na hora de distribuir o gersal sobre a comida. 

    Dica: o gersal é inigualável quando consumido logo após seu preparo, mas pode ser armazenado por até 15 dias. Após, começa a oxidar e fica rançoso (o gergelim é uma sementinha oleoginosa, lembra?). Não faz diferença guardá-lo em armário ou geladeira. A oxidação vai acontecer, invariavelmente.
    *

    Bom proveito!


    * mesmo sabendo preparar gersal de olhos vendados, para escrever sem enganos recorri ao auxílo luxuoso da Sônia Hirsh, mestra de sempre nos assuntinhos naturais. O tópico gersal, encontrei no livrinho O Melhor da Festa. Indico muito, assim como todos os outros livros dela. ** escrever este post me fez voltar ao tempo em que descobria a comida natural e do quanto o mundo, por conta da alimentação, revelou-se tão amplo e cheio de delícias e mistérios. Também aqui, foi meu amigo John-John quem me apresentou a culinária macrô, os livros de Soninha e tudo mais; mas foi Luzia quem me ensinou a prepará-lo e me revelou as manhas que partilho agora. À Luzia, a alquimista da terra e do fogo, meu profundo respeito e eterno agradecimento.

    quinta-feira, 26 de maio de 2011

    É que...

    ... não consegui encontrar uma brecha sequer pra escrever esta semana.


    *

    (mas já, já reapareço. Nos vemos!)  

    quinta-feira, 19 de maio de 2011

    Little Lion Man



    • e a boa descoberta desta semana fica com a banda dos ingleses Mumford and Sons
    • entre indicações ao Grammy, prêmio como Melhor Álbum Britânico no British Awards e boa colocação na parada da Billboard, esses quatro rapazes ganharam o mundo com apenas um álbum, Sing No More, de 2009.
    *
    • gosto que me enrosco por folk music... vá entender!
    *
    e olha que eu nem era do time do Daniel Boone (o seriado sessentinha, da TV, claro); assistia, sim, mas o que a gente não engolia feliz naqueles tempos? Ainda mais naquelas tardes onde reinavam absolutos os bolinhos de chuva e o mandiopã quentinho!?
    *

    Minha escolha para hoje



    ... que essa história de "ninguém é insubstituível" não funciona para as mães.


    *


    quarta-feira, 18 de maio de 2011

    Timidez



    Basta-me um pequeno gesto,
    feito de longe e de leve,
    para que venhas comigo
    e eu para sempre te leve...

    - mas só esse eu não farei.

    Uma palavra caída
    das montanhas dos instantes
    desmancha todos os mares
    e une as terras mais distantes...

    - palavra que não direi.

    Para que tu me adivinhes,
    entre os ventos taciturnos,
    apago meus pensamentos,
    ponho vestidos noturnos,

    - que amargamente inventei.

    E, enquanto não me descobres,
    os mundos vão navegando
    nos ares certos do tempo,
    até não se sabe quando...

    e um dia me acabarei.


    Cecília Meireles


    *


    "Seria mais fácil para todos se pudéssemos demonstrar nosso interesse de forma aberta, sem jogos de sedução. Também seria melhor se a recusa ao nosso interesse não causasse dor. A transparência de intenções nos pouparia tempo e aflição, no entanto não seríamos humanos se não sentíssemos frio na barriga e se não criássemos expectativas e fantasias. Essas, em geral, mais atrapalham as aproximações amorosas do que ajudam. É que a paixão não se nutre da realidade. O medo de rejeição paralisa qualquer iniciativa amorosa. Às vezes é preferível viver num devaneio do tipo mal-me-quer/bem-me-quer do que definir uma situação. Enquanto houver possibilidade de envolvimento, há esperança. E viver de esperança pode ser melhor do que ser triste ou rejeitado. Cada um sabe do que precisa para aguentar viver." Luciana Saddi.


     *


    * Luciana Saddi é escritora, psicanalista e escreve para a Folha de São Paulo. **Poesia com o tema "desenvolvido" é uma outra possibilidade que ando investigando. Mas guardo um tanto de receio... Que tal, aprovado?

    terça-feira, 17 de maio de 2011

    Aceita um licor?


    Almocei com Gilles Deleuze hoje. Rimos muito - aliás, ele é um fofo!
    Ao final, lembrei-me de oferecer-lhe este "digestivo" (e que fique a dica às moças com poucos atrativos físicos  - reservem sempre uma delicatassen para le grand finale): 

    "Nós todos somos um pouco esquisitos. A vida é um tanto esquisita. 
    E quando encontramos alguém cuja esquisitice é compatível com a nossa, alegremente nos unimos e vivemos em mútua esquisitice. 
    O mais esquisito é que chamamos isto de amor... "  



    *

    Charme insano




     "Fico feliz em constatar que o ponto de demência de alguém seja a fonte de seu charme". Gilles Deleuze

    • oh la la, as coisas que a gente descobre no youtube...
    • não é que eu venho de uma família très charmant?
    • e que eu mesma tenho charme por demais da conta?

    • (só fico triste por um detalhe: devo ter partido os corações de meus terapeutas vida afora... 
    • será?
    • mas, humpf, certamente não fui a única!)

    *

    segunda-feira, 16 de maio de 2011

    O amor é



    Santo Google, padroeiro das pesquisas escolares,
    protetor das noites de insônia [outrora] perdidas...

    *


    * mais uma noite procrastinando meu soninho de beleza: a pele envelhece, mas o humor agradece...

    O que temos pra hoje?


    (não só hoje.../not only today...)

    *


    * o L.C do cartaz não são as iniciais dos meus dois primeiros nomes (mas bem poderiam..), mas da artista Lorena Costa que viaja por vários lugares carregando uma placa onde está escrito que ela se dispõe a falar sobre amor. Uma maneira de promover encontros de curta ou longa duração. Quem topa?

    Ausência (do Drummond)



    Por muito tempo achei que ausência é falta
    E lastimava, ignorante, a falta.
    Hoje não a lastimo.
    Não há falta na ausência.
    Ausência é um estar em mim.
    E sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços
    que rio e danço e invento exclamações alegres.
    Porque a ausência, esta ausência assimilada,
    ninguém a rouba mais de mim.


    Carlos Drummond de Andrade

     *


    * para Dinho e Goreti, que gostaram de ver aqui a Ausência, do Vinícius.

    Os muitos filmes dentro do filme: Kill Bill


    Everything Is A Remix: KILL BILL from robgwilson.com on Vimeo.

    • esquenta não, Quentin,
    • copiar é facil, difícil é ter toda essa referência...
    • sigo te amando - muito!

    sexta-feira, 13 de maio de 2011

    Espelhos servem para refletir o rosto, a arte para enxergar a alma








    Arte é sair do lugar comum. 

    Olhar alguém nos olhos, por exemplo, quando já ninguém mais faz isso, acostumados que estamos em conversar por telas, vidros, telefones, máscaras... minimamente interessados em ouvir e/ou perceber o outro.

    Silenciar e tentar captar a essência alheia é muito mais significativo que o solilóquio descontrolado e sem profundidade que vivenciamos hoje. 

    Foi o que comprovou a artista e performer sérvia, Marina Abramovic, 65, durante os 3 meses que ficou sentada, em silêncio, no meio do MoMA em Nova York.  

    A obra The Artist is Present, contava com a artista sentada em uma cadeira enquanto à sua frente em outra cadeira, os visitantes do museu se revezavam, por tempo ilimitado, na única função de devolver o olhar para Marina. O incrível é que, durante os 90 dias, todos os dias, da hora que o museu abria até a hora do seu fechamento, Marina não se levantou, não comeu, não falou, não se mexeu.  

    O MoMA montou um flickr com fotos de todos que participaram da performance junto da artista, sem nomes ou identificaçao, somente com a contagem dos minutos que estiveram frente à frente. Vale a visita - as centenas de faces impressionam!

    Mas se você - assim como os que ousaram, respeitosamente, encarar a artista - não teme a emoção, vá direto ao marina abramovic made me cry, feito só com os flagrantes dos que não conseguiram conter as lágrimas... 


    • fuerte!
    • made me cry, too... 

     
    "Não digas nada! Nem mesmo a verdade. Há tanta suavidade em nada se dizer e tudo se entender." Fernando Pessoa


    *










    Marina Abramovic, a artista, é a mulher de vermelho, no primeiro quadro à esquerda, na última foto - a única que não chora. Bjork, seu marido e filhinha sentaram na cadeira do MoMa, em frente à Marina. Lou Reed também. Bjork chorou. Não achei mais as fotos deles. Frase no título: George Bernard Shaw. 
    ** Este post foi escrito no ano passado (a exposição no MoMA foi de março a maio de 2010) e estava arquivado em minha pasta de rascunhos, aguardando finalização. A edição é uma função que nunca termina - ou o assunto é raso, não nos mobiliza e cansa ou a gente se cansa de tanto matutar o assunto que não cansa - e só acaba quando paramos de matutar. O que ainda não é o caso deste texto...

    quarta-feira, 11 de maio de 2011

    Egotismo

    Eu...


    ... descobri o blog Egotismo outro dia e como Ana Oliveira, a ilustradora portuguesa que o indicou, li-o todo duma ponta à outra.



    egotismo: s.m. Mania de falar de si. Sentimento exagerado da própria personalidade, do próprio valor

    Aliás, descobri o vocábulo egotismo ao mesmo tempo e nem sei como pude viver sem ele todos estes anos...  ok, falha reconhecida e solucionada: adotei-o, para sempre!



    Acho que é próprio destes tempos  - internet, redes sociais, blogs e toda essa patacaiada de bbbs (babacas ao cubo?), a difusão do voyeurismo e do exibicionismo feito praga, que as pessoas acabem sempre por falar de si.


    E que é isso que eu também acabo por fazer aqui... (ahã, tô bem cegueta, mas a visão interna funciona que é uma tristeza!). É inevitável e eu sei que você bem sabe - que esse é um muquifo humilde e com a única pretensão de cooptar simpatizantes para minha causa pessoal. Demodosque que doravante, a vida continua como está.



    O caso é que gostei das tirinhas  - linhas tortas, inseguras, carregadas no azedume - pronto! - não precisa muito mais para que eu me identifique com muitas delas!
     

    E a natureza humana continua a me surpreender: somos bilhões, todos únicos, singulares, cada qual com sua história, ambiente e estilo de vida - como explicar tanta identificação, mesmo em nossas mais absurdas idiossincrasias...?

    terça-feira, 10 de maio de 2011

    Acontece muito frequentemente...


    ...uma vontade arrasadora de chutar o pau da barraca!



    mas, ah!, não pode ser de qualquer jeito
    deve ser preciso - determinante!
    e ainda com graça, leveza, beleza e estilo:
     um salto duplo carpado - com twist!


    nem que leve uma vida inteira, quando tiver que ser

    será inesquecível!



    domingo, 8 de maio de 2011

    Um pouco de humor para as mães



    "Não há escrava saída do céu igual à mulher que ama. E entre todas elas, não há escrava igual à mãe." Henry Ward Beecher






    "Com o passar dos anos, descobri que a maternidade se parece muito com uma ordem religiosa, para cujo ingresso se exige que a candidata renuncie a todas as posses terrenas." Nancy Stahl




    *

    (e aí, rolou alguma identificação?
    daqui do meu lado, nenhuminha... )


     

    Um vídeo para as mães



    (nada como a maternidade para relativizar realizar a vida)


     

    Uma melodia para as mães



    Neste Dia das Mães, uma música tocada na forma de metáfora da maternidade:
    • uma voz que se transforma em instrumento - assim como o corpo feminino, que se transforma em instrumento da criação;
    • uma partitura que carrega sua beleza e encanto na perfeita harmonia entre todos os envolvidos
    • assim como a mulher que - jamais olvide! - torna-se mãe através do pai e dos filhos.


    Aos meus filhos e a meu marido, meu profundo agradecimento pelo privilégio supremo de ter sido a escolhida para gerar nossa família! 

    ...


    * para cada situação na vida, haverá sempre uma composição de Bach que se encaixa com perfeita beleza para o momento...

    Seja quem Deus o predestinou a ser e incendiarás o mundo

    Foi com esta frase que o Bispo de Londres, o anglicano Richard Chartres, abriu a homilia do casamento do filho mais velho de Charles e Diana.

    Adoro um bom texto e este está muito acima da média: palavras simples, realistas e de longo alcance, sem a pompa e certa intangibilidade que costumam ser usuais, infelizmente, em sermões religiosos.

    (enfim, não é só de tédio que se faz um casamento real...)

    *
    "Seja quem Deus o predestinou a ser e incendiarás o mundo. Assim disse Santa Catherine de Siena cujo dia celebramos hoje. O casamento tem a intenção de ser o caminho no qual o homem e a mulher ajudam um ao outro a se tornarem quem Deus predestinou a ser, seu mais profundo e verdadeiro eu.
    Muitas pessoas têm medo das perspectivas futuras do nosso mundo mas a mensagem de comemoração neste país e muito além de seu território é esta: hoje é um dia feliz! É bom que as pessoas em todos os continentes tenham a possibilidade de compartilhar esta celebração porque este, como todo dia de casamento deve ser, é um dia de esperança.
    De certo modo, todo casamento é um casamento real com a noiva e o noivo sendo a rainha e o rei da criação, fazendo uma nova uma vida juntos para que a vida possa fluir através deles rumo ao futuro. William e Catherine, que escolheram se casar na visão de um Deus generoso que amou o mundo de tal maneira que deu-se a nós na pessoa de Jesus Cristo mantenham-se no Espírito deste Deus generoso, pois marido e mulher devem doar a si mesmos e uns aos outros.
    A vida espiritual cresce quando o amor encontra seu centro além de nós mesmos. Relacionamentos fiéis e comprometidos oferecem uma porta ao mistério da vida espiritual: quanto mais doamos de nós mesmos, mais rica fica nossa alma; quanto mais vamos além de nós mesmos no amor, mais nos tornamos o nosso eu real e nossa beleza espiritual é mais plenamente revelada. No casamento estamos procurando trazer um ao outro uma vida mais completa.

    Vocês dois tomaram sua decisão hoje e neste novo relacionamento vocês se alinharam com o que acreditamos ser o caminho da vida espiritualmente evoluída e que nos levará para um futuro produtivo para a humanidade.

    É claro que é muito difícil desabilitarmos nosso egocentrismo. Muitas pessoas sonham com isso, mas para que a esperança possa ser preenchida é necessária uma decisão solene de que, mesmo com dificuldades, estejamos comprometidos no caminho do amor generoso.

    O casamento deve transformar e como marido e mulher, criamos uma obra de arte. É possível a transformação desde que nós não acalentemos pretensões de modificar nosso companheiro. Não deve haver coerção para que o Espírito possa fluir; assim, cada um deve dar ao outro espaço e liberdade. Chaucer, o poeta londrino, resume tudo isso em uma frase expressiva. "Whan maistrie [mastery] comth, the God of Love anon, Beteth his wynges, and farewell, he is gon.(*)

    Nós continuamos esperançosamente aguardando por um século cheio de promessas e riscos. Enfrentamos a questão de como usar sabiamente o poder que nos foi dado pelas descobertas do último século. Nós não devemos nos converter à promessa do futuro por mais conhecimento, mas sim pelo crescimento do amor sábio e reverência pela vida, pela terra e pelo próximo.

    Como a realidade de Deus tem desaparecido de tantas vidas no Ocidente, tem havido uma crescente expectativa de que somente as relações pessoais trarão significado e felicidade na vida. Isso sobrecarrega nosso companheiro com um grande fardo. Todos somos incompletos, todos precisamos do amor que é seguro, ao invés de sufocante, todos precisamos de perdão mútuo para prosperar.Enquanto caminhamos na direção do nosso companheiro no amor, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Espírito Santo é vivificado dentro de nós e preenche cada vez mais nossas vidas com luz. Isto leva a uma vida familiar que oferece as melhores condições para que as próximas gerações possam praticar e permutar estas dádivas e superar o medo e a divisão e incubar no mundo futuro o Espírito, cujos frutos são amor, felicidade e paz.

    Oro para que todos aqui presentes e muitos milhões que estão assistindo a esta cerimônia e compartilhando nossa felicidade hoje, façam todo o possível para suportar e apoiá-los em suas novas vidas. E oro para que Deus os abençoe no caminho da vida que escolheram, o caminho que está expresso na prece que vocês compuseram juntos na preparação para este dia: Deus nosso Pai, agradecemos por nossos familiares, pelo amor que compartilhamos e pela felicidade de nosso casamento. Na correria de cada dia mantenha nossos olhos fixos no que é real e importante na vida e ajude-nos a sermos generosos com nosso tempo dando-nos amor e força. Fortalecidos pela nossa união ajude-nos a servir e confortar aqueles que sofrem. Pedimos no Espírito de Jesus Cristo. Amém."
     
    * Quando o Domínio impera, o Deus do Amor bate as asas em despedida e se vai.

    O pastor Richard Chartres e sua família, em foto de 1995 (irresistível a constatação: nada como um pastor casado e com filhos para falar sobre casamento... )
    ...


    * dentre as muitas traduções que encontrei na web, escolhi esta, não sem antes fazer uma ou ou outra correção. Ou seja, como toda tradução, não é uma versão fiel do discurso. Para os puristas, deixo aqui o link do vídeo - o sermão começa por volta do 0:31.

    sábado, 7 de maio de 2011

    A vida só é possível reinventada





    "O senhor... mire e veja: o mais importante e bonito do mundo é isto:
    que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas -
    mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior.
    É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão."


    Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, 1956


    *



    * Frase no título: primeiro verso do poema Reinvenção, Cecília Meireles. 1. Ellie Goulding é inglesa, tem 23 aninhos e cantou para os convidados da realeza no casamento de William e Kate. Sua versão para Your Song, do Elton John é tão fresca e criativa que parece uma nova música. 2. Stacey Kent é americana, cantora de jazz e apaixonada por música brasileira ("Depois do meu marido, o homem mais importante da minha vida é João Gilberto"). 3. Crazy, do Gnarls Barkley para a abertura do programa Voice, da BBC de Londres com Christina Aguilera, Adam Levine, Cee Lo Green e Shelton Blake. Astonishing

    quinta-feira, 5 de maio de 2011

    O ego, o eco e o oco



    "Nós somos os homens ocos
    Os homens empalhados
    Uns nos outros amparados
    O elmo cheio de nada. Ai de nós!"


    T. S. Eliot - Os Homens Ocos (primeira estrofe)