"As pessoas são um cheiro. É pelo cheiro que as catalogamos no íntimo arquivo dos desejos. A que cheira um amante? Uma rosa cheira a rosa. Um cravo cheira a cravo. Não sei a que cheira uma orquídea. Mas sei que todas as orquídeas cheiram igual. Já os amantes, ah!, nenhum repete o cheiro. Os que nos refrescam têm cheiro de rio, os que nos enchem têm cheiro de mar.
Todas os apaixonados têm um cheiro úmido. Como a boca. Como o sexo.
Só gostamos de uma pessoa quando gostamos do seu cheiro. Quando tudo nos leva a bebe-la, como um chá quente, excitante, aromático. Se não gostarmos do seu cheiro não conseguimos ama-la, nem na pele nem na alma. Podemos ser amigos, companheiros, nunca amantes. Amar é beber um cheiro. É transporta-lo para dentro de nós. E nós só amamos verdadeiramente uma pessoa quando cheiramos seu cheiro..."
*
* do escritor português João Morgado, no livro Diário dos Infiéis.
Obrigado Luciene pela citação! Um beijo! João Morgado
ResponderExcluirCaro João, descobrir seu texto já foi uma imensa alegria. Receber seu comentário neste espaço só me fez mais feliz. Ando à voltas para conseguir um exemplar de seu último livro e começar a lê-lo, imediatamante. Neste meio tempo, vou postando outros trechos de Diário dos Infiéis. Obrigada pela visita e apareça sempre que quiser.
ResponderExcluir