E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos.
E por vezes encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos.
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
*
* dezembro, anualmente, chega feito oceano. olho da praia, desde o novembro, e já avisto os cardumes, os barcos em férias, os albatrozes... vêm num crescendo, se avolumando, aos berros, aos solavancos. confiro os ventos, aufiro as marés e me lanço: nem sempre dá pé, o mar não é manso. sou d'água, penso com bem força, e avanço. passa janeiro, fevereiro...e só quando março me encontra é que descanso.
A postagem toda: impecável. O poema, a declamação, teus escritos. Até os marcadores...
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