sábado, 15 de dezembro de 2012

Os meses oceano

 
E por vezes as noites duram meses 
E por vezes os meses oceanos 
E por vezes os braços que apertamos 
nunca mais são os mesmos.
E por vezes encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes 
ao tomarmos o gosto aos oceanos 
só o sarro das noites não dos meses 
lá no fundo dos copos encontramos.
E por vezes sorrimos ou choramos 
E por vezes por vezes ah por vezes 
num segundo se evolam tantos anos. 

David Mourão-Ferreira



*








* dezembro, anualmente, chega feito oceano. olho da praia, desde o novembro, e já avisto os cardumes, os barcos em férias, os albatrozes... vêm num crescendo, se avolumando, aos berros, aos solavancos. confiro os ventos, aufiro as marés e me lanço: nem sempre dá pé, o mar não é manso. sou d'água, penso com bem força, e avanço. passa janeiro, fevereiro...e só quando março me encontra é que descanso.

Um comentário:

  1. A postagem toda: impecável. O poema, a declamação, teus escritos. Até os marcadores...

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