"De repente passa um cara que tinha me ouvido dizer que quem está desempregado está procurando serviço no lugar errado. Ele esperou todo mundo que estava empregado ir embora e me perguntou onde deveria procurar. E eu disse: dentro da gente.
Quando se procura dentro da gente acontece uma coisa incrível: sempre se acaba fazendo o que gosta.
Fazer o que a gente não gosta é o pior desemprego do mundo."
Hélio Leites
- o projeto que concebeu o vídeo acima parte da pergunta "o que é tristeza pra você?"
- direcionada a artistas, gerou as mais diferentes respostas
- todas, de um jeito ou outro, apontam para um caminho otimista.
- "tristeza em certo sentido até que é boa: ela faz ver coisas que a alegria não deixa ver", sintetiza o artesão Hélio Leites
- economista de formação, Leites deixou o trabalho de mais de 20 anos em um banco para fazer obras que são miniaturas da vida
- "sermão aos peixes na lata de sardinha" e outras séries de histórias que cabem em botões e caixas de fósforos
- foi assim que ganhou do poeta Paulo Leminski, o cargo vitalício de significador de insignificâncias
- o artesanato de Leites serve como metáfora:
- não há problema algum em se reduzir escalas
- que, tudo bem trocar o sucesso grande
- por pequenas alegrias comezinhas
- o curitibano, na imensa sabedoria dos simples,
- retrata em suas criações que cada pessoa é o mundo espremido,
- cada trabalho simples é importante
- como qualquer outro considerado grande:
- a vida representada em uma caixa de fósforos
- (as pequenas coisas, feitas com atenção, revelam-se em grandezas inexoráveis)
- olhar para dentro quando o ensinado é sempre olhar para fora:
- o mundo, o sucesso, o reconhecimento dos outros...
- quando se muda a escala do olhar
- o que se enxerga dentro é um universo vasto,
- porém condensado...
- já pensou no espaço que ocupa dentro de si
- o amor, o entusiasmo, a curiosidade?
*
* ontem, uma sexta-feira, ouvi-me falando em uma conversa corriqueira, que os tipos que detestam o emprego e passam a semana esperando pelo seu final (a sexta feira), são na verdade desempregados - gente que não trabalha de fato. porque acredito que só o verdadeiro trabalho é que nos dá sustento. e o que sustenta um corpo infeliz e vazio de vida não pode ser chamado de trabalho. entretanto, não costuma ser tarefa fácil encontrar uma ocupação que nos sustente corpo e espírito. eles não estão nos classificados dominicais. há que se vasculhar em profundidade o avesso do corpo que habitamos: o mistério mutante e dinâmico que somos nós. ajuda se se é habituado a estar em silêncio, a ouvir os solilóquios internos, os queixumes, a perceber os pequenos prazeres... há que se estreitar o campo de visão para alargar as sensações.
** [esta é a segunda vez que posto o videozito acima. a terceira que cito Hélio Leites. e nem de longe a última vez que este tema me persegue. peço desculpas pela repetição. apesar de tanto, ainda não apreendi a lição....]
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