domingo, 9 de janeiro de 2011

Graças ao Amor


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.


Soneto XVII, Pablo Neruda



*o domingo acordou preguiçoso, com o sol enfiando sua língua lasciva por entre a persiana do quarto... o convite para um despertar de bem com a vida! Obrigada, obrigada... (e me perdoem os mal-humorados, insensíveis e materialistas: com um dia como estes só consigo pensar em Poesia e em gratidão ao Amor que nos fez e nos mantém por aqui)

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