A filosofia é no fundo saudade – instinto de estar por toda a parte em casa.
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* a filosofia é uma saudade voltada para dentro, para si mesmo, é a ansiedade de se contar um segredo a si mesmo, sempre; a vontade de estar consigo mesmo, a vontade de dizer "eu sou", saudades de si ante o outro, é a quase-angústia de se perguntar quem é a cada silvo de respiração, é o sentir falta de si mesmo, é o impulso desmesurado de amar um outro e é o desejo de um beijo, enfim. O "instinto de estar por toda a parte em casa" precipita o saber, quem se é a partir de cada passo que o corpo entorna, é conhecer o seu próprio nome, saber dançar o corpo no mundo, dar a mão. O espaço ("por toda a parte") é o lugar de extensão do eu, como seu próprio limite: o "eu" ocupa um lugar e ocupa um lugar imenso onde as cores confundem os olhos, onde o espaço come o tempo e o tempo parece cada vez mais pequeno. A filosofia é a vertigem entre esse espaço imenso, entre esse "por toda a parte" e o nome que o nosso corpo não perde, o ninho que o faz correr dentro desse espaço imenso: a "casa". (em Fragmentos, Novalis, 1992).
Nunca consigo comentar nada aqui...os posts me calam! Lindo este!
ResponderExcluirObrigada. O texto é bom demais (seguiu o link? vale a pena!). mas é a ilustração o que me enternece...
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