Gosto muito de muito em ti: quando te fazes de desentendido quando tentamos, em vão, descobrir quem seduziu quem. Que me saibas dar a resposta de quase tudo que te pergunto. De dizer o teu nome em voz alta. De quando me telefonas no meio do dia só para dizer que estás com saudades. Gosto da meiguice desmedida, desse jorro de ternura que não me dá tréguas e que todos os teus poros façam por me agradar, embora me agrades tanto com tão pouco esforço, naturalmente, assim como se respirasses. Gosto que me seques as costas depois do banho, da tua voz que suspira entrecortada quanto te beijo sem parar. Ou que me venhas pegar de carro quando desatam tão somente uns pingos mirrados de chuva. Gosto de quando te perdes na linguagem crua do prazer e dizes que me fazes e me aconteces e que eu isto e aquilo, enquanto as tuas mãos substituem tua boca. Gosto do hálito suave e ainda ofegante, uma mistura diabólica de poesia, infância no mato e muitos muitos pensares antes do falar. Gosto que não precises de olhar pra trás quando passa uma mulher bonita, quando repetes que nunca nunca vais me abandonar, que sou única, que sou tua. Só tua. Gosto da coragem com que entraste na minha vida, da consciente maturidade com que abriste caminho em mim e do espírito de aventura com que me desbravaste; e gosto dessa segurança tão masculina de não precisar entender meus mistérios femininos. Gosto de te ser muitas coisas: tua delícia, tua linda, o teu dormir, teu sonhar, tua dona, TUA; o bom dia mais esperado da manhã, o boa noite sem o qual não há noite às noites, um aperto no coração, o consolo, o eco na consciência, a urgência e o desejo sempre à solta, arritmias, formigamentos. E gosto dessa tesão fora de hora, quando me adivinhas de costas no escuro e o meu corpo está desprevenido enquanto o resto fica à solta, em sonhos indecifráveis.
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* mais uma tentativa de explicar o inexplicável - ou quando as palavras são insuficientes, que se baste o corpo, que é o que domina a língua dos deuses... ** outra trilha para este texto? esta, seguramente.
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