"Quando a voz interna que fala por meio de sonhos e projetos é sufocada por
desejos e suas subsequentes desilusões, perdem-se a ingenuidade e o élan que são
imprescindíveis. Para onde quer que se corra ou se olhe, lá está o desejo.
E não bastará saciá-lo no momento, porque o desejo está sempre mais preocupado com a preservação de sua potência do que com a própria experiência de usufruir sua realização".
Nilton Bonder, in: O Sagrado
E não bastará saciá-lo no momento, porque o desejo está sempre mais preocupado com a preservação de sua potência do que com a própria experiência de usufruir sua realização".
Nilton Bonder, in: O Sagrado
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* as Cidades Invisíveis (1972), do escritor italiano Ítalo Calvino imagina um diálogo fantástico entre Marco Polo, "o maior viajante de
todos os tempos" e o famoso imperador dos tártaros, Kublai Khan. melancólico por não
poder ver com os próprios olhos toda a extensão dos seus domínios,
Kublai Khan faz de Marco Polo o seu telescópio, o instrumento que irá
franquear-lhe as maravilhas de seu império. Polo então começa a
descrever minuciosamente 55 cidades por onde teria passado, agrupadas
numa série de 11 temas: as cidades e a memória, as cidades e o céu, as cidades e o mortos, as cidades delgadas, entre outras. as visões, projetadas numa rigorosa arte
combinatória, bebem de muitas fontes, desde as Mil e Uma Noites até as
megalópoles que vemos no cinema. o resultado é um livro extraordinário e
indefinível. em nenhuma outra obra Ítalo Calvino chegou tão perto dos valores que considerava fundamentais à sobrevivência da
"espécie literária": leveza, rapidez, exatidão, visibilidade,
multiplicidade e consistência. é impossível não se
perder nessas cidades, como é impossível não se enredar nessas teias de
palavras. [da Folha de São Paulo]
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