domingo, 6 de fevereiro de 2011

É melhor ser feliz do que ser triste?


Comprei a revista Lola Magazine (Ed. Abril, fevereiro, 2011) por conta desta chamada, lida na net: "É besteira ficar tentando ser feliz. O que faz a vida valer a pena é a diversidade. E viver a complexidade de emoções e sentimentos é que faz a riqueza da experiência humana, diz em entrevista o psicanalista Contardo Calligaris."

A entrevista é boa - Contardo não costuma decepcionar. Para hoje, separei este trecho:

"A felicidade é uma besteira cultural. Um produto de mercado, ou pelo menos, tornou-se isso. Serve apenas para ajudar a vender uma série de coisas que prometem nos fazer felizes. Eu não quero ser feliz. A felicidade leva a uma série de paradoxos completamente intoleráveis. Não quero ser feliz porque prezo a experiência na sua variedade e intensidade. Interessa-me viver o que a vida me dá em sua plenitude. Quero poder me desesperar quando perco alguém que eu amo porque morre, me deixa, ou a vida faz com que a gente se separe. Eu quero ser infeliz. Quero viver a complexidade de emoções e sentimentos que faz a riqueza da experiência humana. Você vai querer se privar de uma experiência tão rica quanto a perda do pai ou da mãe? É doloroso, mas crucial e comum a todos. Quero viver com alegria, inclusive as dores que a vida me apresenta."
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Coincidentemente, na Folha de São Paulo de ontem (sábado, 5/2/11), lendo a  crônica escrita pela atriz Fernanda Torres, tomei conhecimento do livro O Erro de Descartes, que faz uma advertência contundente a respeito do uso indiscriminado de antidepressivos. Segundo o autor [do livro], abrir mão da tristeza é dar adeus a uma das poderosas armas evolutivas responsáveis por manter a raça humana em estado de atenção. Anular a dor seria uma solução tão estranha quanto desligar o radar para não sofrer com a antecipação da tempestade.

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* O livro citado por Fernanda Torres, "O Erro de Descartes" (Companhia das Letras, 336 pág., R$ 63) é de autoria do neurologista português, Antônio R. Damásio.

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