domingo, 27 de fevereiro de 2011

Veio a Noite e já chega o Dia...

Neste momento, uma e meia da madrugada, assisto a cerimônia de entrega do Oscar 2011. Aliás, eu sempre assisto aos 'oscars'. Até o fim. Mesmo quando a única tv no Brasil era a aberta. Mesmo quando menina, com escola no dia seguinte. Já adulta, enquanto amamentava meus filhos... em todos os momentos de minha vida, sem interrupções.

Com a chegada dos canais gringos de entretenimento ao Brasil, aumentei minha presença em frente à tv nestas ocasiões e também assisto à chegada dos atores e celebridades ao Chinese Theatre. Anoto todos os detalhes dos vestidos, jóias e estilistas desfilados. Já estive por duas vezes, em dois anos consecutivos, no canal de televisão local comentando a moda dos red carpets. Ao vivo, tá?, às 8h30 da manhã, só a algumas horas da premiação... hãm-hãm, parecendo uma versão feminina do Frankenstein: corpo do Rubens Ewald Filho, cabeça da Glória Kalil e as olheiras do padeiro da esquina.

Amo cinema, apaixonadamente. Mas nem sempre a academia de Hollywood é fiel à minha paixão, premiando filmes por política, favorecimento e todo aquele blablablá que sabemos. Enfim...


  • toda essa abertura e revelações pessoais irrelevantes para apresentar uma das injustiças desta noite -
  • o curta de animação Dia e Noite, dos Estúdios Pixar, não ganhou o Oscar de melhor filme na sua categoria!
  • nem vou escrever quem ganhou - quem quiser saber, é fácil descobrir (e difícil entender)
  • melhor mesmo é clicar no play aí em cima e comprovar: Dia e Noite é precioso!
  • uma finíssima obra de arte que, sem palavras (!), com leveza e humor (!!) e em poucos minutos (!!!) elucida a complicada estrutura da ambivalência (yin e yang, dois lados da mesma moeda, feminino e masculino, claro e escuro, duas metades que se complementam em um só).
  • uma aula para crianças (e não só elas) de que não precisamos temer nosso lado obscuro
  • somos noite e dia. e podemos ser muitos em um só. 

*







* update: a cerimônia já acabou. o último prêmio, de Melhor Filme, foi para O Discurso do Rei. torcia por Toy Story 3 (também da Pixar - aliás, Dia e Noite está na abertura de Toy 3). mas não vou reclamar. após tantos anos assistindo aos oscars, acabei justamente me apegando aos discursos de agradecimento: são emocionantes, divertidos, cínicos, egocêntricos, atrapalhados, constrangedores e tão reveladores da natureza humana! como não poderia aprovar um filme que carrega (já no título) a promessa de uma declaração de humanidade de uma figura de natureza tão retórica quanto o rei da Inglaterra?

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