O vôo não prometia nada - 40 minutos! - mas nestas novas empresas de aviação o que se economiza em espaço e serviço de bordo, ganha-se em lombalgia e contato físico.
Sentada ao lado da janela, a menina logo mostrou-se portadora da disfunção da interrogação - crivou-me de perguntas do primeiro ao último segundo. Entre um "é verdade que comer frutas com sementes faz crescer uma árvore na cabeça?" e "seu cachorro também não gosta de comer ração e prefere barbies?" ela indaga, com os olhos bem abertos, se eu já vi fogos de artifício.
Eu digo que sim, claro, que minha cidade faz um tipo de campeonato consigo mesma no raiar do novo ano para que cada show da queima de fogos seja maior e mais atraente que o último. Que as luzes saem do meio do mar; de trás de uma ilha, que fica bem no centro da praia; de barcos que ficam ancorados na orla marítima; da areia da praia e das sacadas dos edifícios. Que é um espetáculo lindo, barulhento, multicolorido. E que são tantos os fogos e tão estrondosos que se tem a sensação que saem mesmo é de debaixo dos nossos pés e que nunca vão acabar.
Ela me ouve até o final sem fazer pergunta. Cala (!), mantendo os olhos em mim, mas dando pinta que o pensamento está muito além.
Aproveito a deixa e me exibo: - Sabe que eu até já vi os fogos de artíficio da Disney, aqueles que estouram atrás do castelo da Cinderela...
Percebo que impressionei porque agora ela está me olhando com uns olhões muito surpresos e desconfiados e continua sem falar nada (!). Pergunto: - E você, Joana, onde viu fogos de artíficio?
- Ah, eu vi foi no céu mesmo!
...
* Reveillon 2011 em Balneário Camboriú, SC. Foto do Diário Catarinense.
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