- ao longo dos anos, esta foto de Bin Laden (aos 15, em férias na Bélgica) vem confrontando algumas de minhas ideologias
- sempre insuflando o questionamento: como pôde ele ter resistido à força da contracultura nos sessenta e setenta?
- seguramente ouviu Beatles e as canções pacíficas de Lennon
- cantarolou Abba - quem não, for christ sake?
- e vestiu cores e deixou o cabelo crescer
- como isso tudo não o comoveu?
- (e o demoveu, me perguntava?)
- mas eis que surge o mestre Calligaris e feito ninja, trava a resposta precisa:
"Os terroristas que atacaram o World Trade Center e o Pentágono viveram tempos longos no Ocidente. Frequentaram universidades e escolas de pilotagem. Não eram pastores descidos das montanhas. Os comentaristas estranham: 'Como é possível? Moraram entre nós durante tanto tempo e puderam fazer isso? Ou seja, será que nossa sedução não funcionou?' Justamente: ela funcionou demais. A ponto de eles terem decidido destruir o objeto de seus desejos. A interpretação política de seus atos será sempre insuficiente: as Torres Gêmeas, para eles, eram símbolos não tanto de poder quanto de tentação.
O terrorista é atormentado por uma tremenda tentação de ser "convertido" pelo Ocidente. Por isso o terrorismo nasce derrotado - por ser filho de uma inveja que só existe em quem já se vendeu ao suposto inimigo.
Os terroristas nos matam por raiva de quererem ser como a gente - traíram sua cultura e estão em busca de redenção. Sua guerra santa: matar os infiéis nos quais receiam (e desejam) se transformar. E matar a si mesmos para nunca mais serem seduzidos."
*
* outro textinho poderoso e imperdível sobre a inveja? aqui. (que esse assuntinho não me diz respeito mas, ah... como me interessa - é que de inveja eu não morro, mas mato um bocado!)